Abriu seu e-mail logo pela manhã. Lá estava a mensagem em
resposta àquela que havia enviado na noite anterior. O conteúdo diferente do
proposto era um pedido de desculpas referente a um mal estar pessoal em relação
a seu dia de trabalho.
Chateada e comovida por também já ter enfrentado dias de
teor semelhante, resolveu enviar um torpedo. Deitou-se na cama para ficar mais
confortável, escreveu e enviou a mensagem. Como se o tempo tivesse parado por
conta daquilo, ficou ali à espera de uma resposta.
As palavras escritas em conteúdo não lhe saíam da mente e
imaginava a reação do outro ao receber, releu bestamente umas três ou quatro
vezes o que enviou e para distrair resgatou as mensagens anteriores. Mas nada
de uma resposta. Seu tempo ali parado enquanto o real disparava em galopes
esporeados por cavaleiro feroz.
Recriou a cena imaginando o cavalo Tempo tristemente
esporeado e machucado em suas ancas pelo cavaleiro Pressa que não adiaria seus
compromissos por conta da lerdeza de um animal mimado e mal mandado.
Levantou-se, pois a cena era forte demais para tomar conta
de sua mente, as esporas pareciam doer-lhe na alma e para anestesiar tal
pensamento nada melhor do que agir. Levantou-se do momentâneo ócio e pôs a
organizar as tarefas como se enchesse a mochila para ir à escola da rua e da
vida desembaraçar os nós que alguém os engatou.
Andreia Cunha
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