Powered By Blogger

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

SONHO: IMPROVISO DE ENTENDIMENTO DA VIDA



Sonhos são enigmas usados pela morte 
para entendermos a vida e levá-la adiante 
até o encontro derradeiro com o futuro mais certo 
a qual, portanto, não podemos negar.

Andreia Cunha

Escrever um sonho é descaracterizá-lo em vida. Nunca se consegue ser fiel à idéia principal expressa no inconsciente.
O que se desdobra, são os nós de nós mesmos emaranhados nos tecidos e veias que nos compõe. E ao tentar colocá-los no papel para depois significá-los é deformar a fonte com toda a beleza de sua origem.
A magia está no fato de que nossa presença em sonho é simultaneamente narrador, personagem, tempo bem como o enrosco do enredo e tudo isso, ao ser recontado pela escrita só colabora para distorcer o real imaginário do sonho.
Certa vez, tive um sonho na qual a janela se afigurava como um orifício repleto de meus medos. Não me aproximava dela e ainda via um tigre se lançar dela andares e andares abaixo.
Acordava empapada em suor e tremendo. O mistério se prefigurava no transpor a barreira com medo de estatelar-me lá embaixo. Libertar-me do símbolo custou o entendimento do que janelas representavam naquela época para mim.
Deixei de sonhá-las quando as compreendi. Libertaram-me ou eu as libertei. Até hoje não sei quem realmente libertou quem. Visto que somos todos os símbolos em nosso próprio sonho. O mais propício seria dizer que eu me libertei ao compreender o objeto janela na vida consciente que levava no momento.
Entretanto, não deixei de ser janela, tigre e o desdobramento de todas estas imagens no contexto do sono.
Hoje, sonho multidão. Sou nenhum quando os vejo se aproximarem em marcha assustadoramente ritmada e em seguida todos quando me sinto familiarizada entre eles. Onde está meu eu? Na confusão que mais parece um protesto me diluo como massa em água.
Torno-me pasta pastosa num aglomerado sem fim. Sumo e só volto a ser no acordar como num cair e bater o corpo no próprio corpo deitado na cama.
Penso que quando dormimos, somos puro teatro acontecendo num eterno desdobramento de personagens e nos demais elementos da narrativa. Não me sei, não me sou, mas somos muitos num só palco.
Palco, este, montado de fumaça e ilusão composto de imaginação e desejo da morte momentânea mascarada pelo descansar do corpo provisório. 
IMPROVISO DE VIDA.

Andreia Cunha











Um comentário:

  1. Querida Andréia,
    Passei para desejar um fim de semana especial!
    Quero que se farte de amor e alegria!
    Beijo com muito carinho!

    ResponderExcluir