O casamento está marcado e o noivo extremamente curioso. Somente no altar, ele conhecerá a imagem da mulher a quem atará votos de vida e fidelidade até a morte. A ele não importa a face da amada. Há um atributo que supera toda e qualquer feiúra. O amor nesse caso é pelo próprio atributo que a noiva tem. O predicado maior que a amada tem é também o objeto mais desejado pelo noivo.
Ele é espirituoso e não olhará o que talvez a ela não tenha sido dado pelo divino em abundância. Em seus adjetivos pessoais está incluída a abnegação das aparências em favor de uma vida que lhe garanta seguranças nesta e nas possíveis outras vidas. Nada mais justo para quem já abdicou de muitos itens considerados por outros como essenciais.
Você, caro leitor, pode me perguntar: mas como foi esse namoro? Como pode um noivo chegar a esta condição sem conhecer a futura esposa?
Ora, meus queridos, este tipo de homem não se atém a minúcias... Seu amor é tão cego, tão irracional que o namoro é dispensável. O noivado só existe porque precisa cativar os sogros e a parentela que nesse caso é indispensável para que ocorra a tão sonhada união matrimonial.
Por isso, pouco importa a imagem da noiva e o nome que ela possivelmente terá. O sobrenome sempre será o mesmo. O noivado dura o período de uma campanha eleitoral. Curto se considerarmos que a vida é muito maior que o pequeno espaço de um mandado seja este de vereança, governo ou presidência. Obviamente não faltarão as desavenças, mas isso todo o casal tem.
Chega de suspense. Não quero que meus leitores morram de curiosidade a respeito de quem se fala. No altar agora ela está juntamente com ele sorridente e feliz. Nisso, o padre diz:
- Há algo na qual os presentes queiram se manifestar a respeito dessa união que porventura impeça o prosseguimento da cerimônia?
Longo silêncio no recinto.
- Então Senhora Corrupção brasileira e Senhor Político brasileiro eu vos declaro...
E nisso o povo grita:
-VIVA! VAMOS A APURAÇÃO DAS URNAS...
Andreia Cunha
Nenhum comentário:
Postar um comentário