Powered By Blogger

terça-feira, 25 de outubro de 2011

POR ENGANO



Assim que bateu as botas, os anjos não tiveram dúvida, receberam a ordem e vieram recolher a alma do homem a quem muitos benefícios havia feito para os seus semelhantes.

Chamava-se Valdivino Silva e ao se deparar com aquela intensa luz que a ele se dirigia sentiu certo incômodo, pois ainda não entendia o que havia se passado com seu corpo. Era uma claridade tão danada que esta lhe cegava as vistas.

Quando viu tanta pompa e cerimônia dirigida a sua pessoa pensou primeiramente se tratar de alguma pegadinha estúpida de seus tantos desafetos. Eram homens tão resplandecentes e com vozes tão suaves que começou a achar que os tais eram meio afeminados. Não gostava de nada que estava acontecendo. E para acabar com essa estranheza, levantou a voz questionando o que era tudo aquilo.

Um dos arcanjos respondeu:

- Valdivino, é chegada a sua hora de retornar ao reino dos céus. Suas obras foram vistas pelo Criador que agora o aguarda em seu trono para que hoje mesmo venha ter com Ele. Aquele mundo da Terra era apenas ilusão, a Verdade está aqui. Por isso, conosco terás de vir para realmente sentir o que é a legítima caridade.

O homem começou a ficar tão anestesiado com aquela fala que aos poucos foi cedendo àquela tentação que mais parecia um delírio de gente de mente fraca e aboiolada. Não pôde resistir e adormecido foi carregado pelos braços dos anjos por Deus muito amados e quando enfim ali chegaram, em pouco tempo o homem acordou.

Foi um espanto para Valdivino que mal conseguia abrir os olhos, cegados pela mesma claridade mil vezes maior que a dos anjos que antes vira. Para isso deu um grito de pavor:
- Jesus Divino que raio de luz é essa que tanto cega e mal consigo enxergar. Diminua ora homem os raios desse sol...
Os anjos começaram a duvidar de que algo estranho de fato acontecia e que talvez o homem que traziam estava diferente em tudo da descrição das ordens recebidas.

Quando o Criador do homem se aproximou percebeu o fatal engano. Aquele tal era outro Valdivino e também era Silva, mas suas obras estavam mais enquadradas para o inferno do que o céu como novo lar. Sua lista era mais suja do que pau de galinheiro: metido a valentão, matador, do pobre, usurpador e por aí ia.

Entretanto, movido de compaixão, o Potente Criador não deixaria de dar certa oportunidade para aquela entidade que do mal fora escravo a vida inteira. Mandou apenas que os anjos à Terra voltassem e buscassem o outro que provavelmente perdido estava.

Quem diria que um homônimo poderia gerar um problema lá no céu – reino de ordem e calmaria. Nem mesmo a hierarquia Divina está livre dos enganos. Nem eles...

Andreia Cunha














Nenhum comentário:

Postar um comentário