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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O COMPANHEIRO



"Podemos facilmente perdoar uma criança 
que tem medo do escuro; a real tragédia da vida
é quando os homens têm medo da luz." 
Platão

“O mundo acontece independente de nossa ínfima vontade em continuar nele ou não... Não há paradas para descer”. Ela estava num vôo a tanto de altura quando lhe veio este pensamento-clichê. O medo era o protagonista, maior que ela em toda sua pessoa.

O Medo não tinha medo, escrúpulos ou piedade tomava quem quer que fosse quando lhe convinha e uma brecha  lhe era ofertada por fraqueza ou insegurança. Ali, a mulher quase perdendo sua dignidade ia expelir o líquido retido na bexiga. Fora isso, estava passando por outras tantas provas de fogo. 

O fato é que já entrara no avião tendo o Medo como companheiro de viagem. Agora é que ele resolvera conversar e se apresentar como substantivo não mais abstrato enfim, concreto em toda a sua plenitude de ser. A mulher suava frio, apertava os olhos e ainda tinha taquicardia. Sua vontade era a de se levantar para deixar o companheiro a qual não queria ouvir... Não adiantava, pois o Medo era fatal, a acompanharia e a seguiria. Fato também era que sabia a solução: acalmar-se, mas isso parecia muito distante tão distante que nem com o mais potente telescópio conseguiria achar a calma para aquele momento.

Portanto, parando de filosofar o que não mais cabia em espaços filosóficos começou a vociferar o que sentia, enquanto jorrava litros do sumo amarelo que guardava dentro de si.

Andreia Cunha










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