- Aonde vai aquela mocinha tão bem arrumada de mala na mão no meio do campo?
- Disse-me ela que em busca de novas terras. Disse-me também estar cansada da mesmice, desse povo e que como aventureira alcançará novas aprendizagens para a vida.
- Mas ela pediu permissão para seus pais?
- Até onde sei, ela apenas comunicou sua decisão. Não se pode prender um filho como pássaro na gaiola. Tudo tem sua hora e a dela é essa: o agora.
- É entendo, isso é uma grande lição e muito verdadeira...
- É, nem eu tinha percebido essa noção que de repente escapou dessa minha fraca imaginação... Tem coisas que vem a nossa mente que a gente nem sabe de onde veio.
- Será que isso é o que chamam de inspiração? Que de vez em quando visita um vivente presenteando-lhe com uma noção?
- Olha, disso não sei não. Mas se a Dona Inspiração resolveu me visitar é porque também passou por aquela moça que lá se vai.
- É melhor então essa tal Dona ir com a dona moça. Acho que ela precisa mais que você que somente vê sua partida.
- Também acho, Alísio... Também acho, mas pelo que já me disseram a tal Inspiração tem personalidade forte e não obedece ao comando de peão. Isso digo me referindo ao homem que em relação aos deuses sempre será um ser inferior.
- Nesse caso, espero que a moça não esteja desacompanhada já que a tal Inspiração apenas a visitou deixando-a com a mente semeada.
- Com certeza não estará. Tem sempre um que vai mesmo contra a vontade.
- Mas esse tem nome?
- Sim, ô homem! Uns chamam de Deus, outros de Destino, Anjo da guarda, Amigo de alma e por aí vai...
- Ahhh, tá... Então ela vai bem-acompanhada!
Ambos se entreolham e ao mesmo tempo dizem:
- Que seja então abençoada...
Risos.
Andreia Cunha
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