Quão doce é o pecado e você que me lê não pode negar. Por mais que não o tenha vivenciado (nem em pensamento, o que acho um tanto difícil – inacreditável), sua doce presença traz um perfume maduro de fruto pronto para ser saboreado. O mais interessante é que dele vem o mais profundo de nossa condição humana: nossa miséria em se aniquilar no prazer do que tomamos por proibido mas cometemos no segredo de nosso subconsciente. Paixões e arrependimentos
A maioria de nós tenta se aproximar de um Deus para fugir das tentações, nem sempre com sucesso e é ao mesmo Deus a quem recorrem quando do fruto saboreiam no secreto de suas mentes. Nessa busca por perdões divinos, o homem se depara com a infinita dualidade que lhe pertence desde a lenda do primordial desejo em ter escutado a serpente e comido da maçã no belo paraíso repleto de belezas. Entretanto já sentindo o peso mais profundo da monotonia por ser no paraíso tudo tão perfeito.
Em nossa natureza não reside a quietude pacífica e muito menos a perfeição é sob as guerras que evoluímos. Não somos e nunca seremos unicamente do bem. Feliz aquele que reconhece o quanto do mal há em si, pois só se pode combater aquilo que se conhece, ou simplesmente aceitar e reconhecer o tanto da condição carnal lhe cabe nesse latifúndio de peles e músculos em movimento. (Seja a inveja que transforma o ser num zumbi aniquilando o que se tem pelo prazer oculto ou transparente de ter o que não lhe pertence por meio dos olhos cobiçosos. Seja a avareza que como um câncer corrói a alma pelo amor ao que apodrece e desvaloriza como meio de alcançar a felicidade, seja a luxúria que na ficção muito bem representada por Dorian Gray que se torna escravo de sua própria imagem quando na realidade é um cadáver em estado avançado de putrefação na ânsia pela eterna juventude ou a ira que como um fogo lambe pele e a consome em ódios e vinganças e transforma o homem em figuras demoníacas ou a gula que nos adoece pelos excesso e medo insanos de não mais poder se alimentar ou também pela ambição que cega o ser que a cultiva no âmago ansiante por um único desejo: o seu e nada mais)
Estamos todos no meio dessa condição dualista da qual sabemos que da vida nada se leva a não ser o que de mais abstrato construímos por meio da luta do nós contra nós mesmos.
Eis aí algo da qual podemos e temos muito a aprender.
Andreia Cunha
Andreia Cunha
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