Começar e recomeçar sempre é possível.
Quanto ao fim: este é inevitável.
andreiACunha
Chamava-se Magda e vivia... Não, Não e não. Não é bem assim
que quero começar...
Era uma bela figura e suas leis eram as suas: autênticas... Não.Não,
também não. Não posso deixar de me dedicar a mais bela história que já ouvi.
Vamos lá, vamos tentar:
Em terra longínqua, nos confins da Europa, havia um vulcão.
Consideravam-no extinto até que resolveu mostrar suas garras. Magda era seu
nome.
O Magda compunha a bela paisagem da cidade que intitulava e
era venerado pelos mais antigos moradores. O motivo? Os mitos de como sua
presença foi de fundamental importância para a atual população e seu imaginário
cultural e coletivo.
Outrora, os ancestrais viviam de seus rituais sagrados
condenados por serem considerados paganistas, ocultistas e demoníacos pelos
sumos sacerdotes da Santa Controladora. Para sobreviverem, praticavam suas
crenças sob intenso segredo.
O que os protegiam, a ponto de não serem de cara
exterminados? O vulcão. O Magda era vivo e quando despertava, acima de sua boca
recendia enorme crista de fogo intenso com promessa de levante de sua rebeldia
natural a qualquer momento.
Do lado oposto, o medo dos fiéis da Controladora diziam que
os tais pagãos eram os hereges protegidos pelo próprio Dito e que este os
mantinham vivos como ironia e afronta para eles devido a constante ameaça de
invasão pelos ordeiros da Santa Paz regidos pela ordem Matriarcal.
No entanto, o Magda retinha os personagens cada qual em seus
lugares; tanto os revoltosos como seus respectivos protegidos, afinal, quando
este se inquietava o respeito era até dos amigos naturais: os riachos, os rios
pareciam correr seu curso em silêncio, pássaros não piavam e as feras
entocavam-se em seus refúgios. Os pagãos interpretavam tais momentos como
prenúncio de salvação das mãos opositoras bem como um pedido para que sua fome
e proteção fossem agraciadas como forma de pagamento.
Passou a Era em tempo ainda lento, diferente de nossa
sensação, porém as histórias, filhas da eternidade linguística, subsistiram as
ilusões e intempéries da surdez e miopia dos próprios homens. Foram elas que
chegaram por intermédio dos contadores até aos descendentes atuais.
Num de seus piores furores o Magda em plena ebulição estomacal,
sentia seu magma borbulhar, o que não demorou a acontecer: suas lavas em golfos
homéricos se espalharam pelos arredores.
O certo é que pela mitologia, naquele dia o Magda mostrou
toda sua gratidão e lealdade: queimou os oponentes cm lanças e armas em punho,
mas nada aconteceu aos seus protetores de plantão. Tal como a passagem em que o
profeta Daniel passou uma noite na cova do rei cercado pelos leões sem nada
acontecer, os pagãos sequer sentiram o toque lambido do fogo em suas peles e
isso se estendendo a fauna e flora da região.
Libertos pelo inexplicável, a Santa Controladora não mais os
perturbou e ainda mais acordou com os oponentes uma regra de silêncio a
respeito do fato mirabolante.
Portanto, a preservação oral pelos atuais habitantes é mais
do que necessária pois é muito mais que mito em suas lógicas e logias. É um
meio de acreditar que acima dos furores e temores ainda existe um Deus muito
além do que o reles humano ainda tenta supor.
E a crença permanece...
andreiACunha
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