A tentativa da INVISIBILIDADE
DA LÍNGUA É A MESMA tentativa de INVISIBILIDADE DO HOMEM.
Enquanto nós, homens, não reconhecermos a verdadeira união
entre a natureza e a natureza humana, caminharemos para nossa própria
destruição. A língua deve sim nos retratar, mas infelizmente o que se vê é uma
triste ideia de torna-la invisível a ponto de não nos sensibilizarmos com o que
ela representa e o que de fato vemos e sentimos.
As palavras como
esponjas daquilo que falamos não devem apenas passar pelas nossas peles, mas,
sobretudo ela deve sair de dentro e igualmente adentrar e manifestar no outro o
desejo de realmente confirma-las muito mais do que um senso crítico: um senso
poético.
O desatrelar a língua dos sentidos é meio caminho andado
para a nossa própria perdição. E nisso a literatura tem seu papel fundamental:
resgatar a alma à sensibilidade perdida nas esquinas do comércio da vida e do
trabalho ensurdecedor de ideias.
Ajustamos a natureza pela ciência encaixando cada item em
seu cantinho e isso também em relação à língua por meio de gramáticas, no
entanto nos esquecemos de que as palavras antes de serem letras unidas elas se
comunicam se conversam sejam em seus sinônimos, antônimos parônimos, homônimos e
principalmente polissemia e demais recursos muitas vezes deixados de lado.
Não mais pensamos as palavras, apenas queremos dizer o que
queremos e se conseguimos: ‘ tá tudo bem nada mais importa’. Colocamos nosso
ser acima dos seres da natureza e o pior os excluímos dos deuses de nossas
próprias criações deixando para último plano tudo aquilo que achávamos não nos
interessar – animais não tem alma, e se as tem não sobe. Tais citações são
apenas exemplos.
Atualmente, colhemos os frutos dessa mãe natureza que sempre
encontra um meio de nos dizer o quanto somos medíocres e o quanto tudo está
interligado. Nosso ser não pode ser nem mais nem menos do que temos na natureza
e consequentemente convivemos.
Interpretamos a natureza como lugar de refúgio, oras como extensão
de nossos medos, oras como sombria e furiosa tal como nossos atos. Mas até
então coloca-la junto as nossas representações – apenas nos momentos em que nos
convinha: destruir para construir consumir, matar por prazer, alimentar para
que pudéssemos enfim justificar nossos atos como necessários a algum tipo de
satisfação egoisticamente nossa.
Julgamo-nos superiores pelo intelecto e, sobretudo pela
linguagem. E o que estamos fazendo quando nos é necessário pensar? Mal se sabe
o caminho para usar as palavras, que diremos pois do cérebro?
Pensar as palavras, observá-las e conhecê-las é fundamental
para mantermos nossa liberdade é também o melhor caminho de entendermos que a
educação é muito mais que a ousadia de conquistar uma melhor posição social.
Ela é antes de tudo o caminho para sermos pessoas de bem e que também se
sensibilizem com o próximo seja este no reino animal, mineral ou vegetal.
andreiACunha
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