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terça-feira, 10 de abril de 2012

UMA TAL FELICIDADE



Sonhava com a felicidade batendo a sua porta. Como deveria ser a dita? Talvez ela não fosse a figura mais bonita para não chamar a atenção e intencionalmente ver realmente se o interessado daria valor caso não se apresentasse tão bela quanto a imaginavam.

Talvez até fosse a princípio uma imagem a qual muitos nem a percebessem ou até a ignorassem...  Não sabia muito bem o que pensar, pois não queria que a mesma batesse a sua porta e por um descuido ou capricho a deixasse seguir viagem sem lhe dar a chance de se apresentar.

Era tão difícil viver daquela angústia... Sua vida era toda uma imensa expectativa para que  pelo menos algo enfim desse certo mediante tantos erros passados cometidos. Todos merecem ser felizes e com ela não poderia ser diferente.

E era justamente nessa máxima que pautava seus últimos dias como segmento de vida para o futuro. Plantaria dessa vez uma boa semente e colheria sim os bons frutos... Desejava partilhar sentimentos, sensações, experiências, tristezas, alegrias, sonhos e também problemas.

Uma relação deveria ter brecha para tudo mesmo que esse tudo fosse também o lado negativo. Não estava sendo fácil levar a solidão como companheira e aliada.

Até que um dia lá pelas tantas da madrugada um bater de leve se pronunciou como visita. Ela, toda arrepios e inseguranças, teve medo de que se tratasse de um ladrão a espreita para lhe tomar o que tinha.

Mas o que de fato tinha para ser roubado? O pouco que lhe restara era apenas imaterial e nada visado por bandidos interesseiros. Mesmo assim não foi capaz de vencer a curiosidade.

Deixou pensar apavorada que era o vento e se escondeu atrás da porta com um baita porrete em punho caso suas expectativas fossem as piores. Horas se passaram, a madrugada se despediu com os primeiros pios dos pássaros e o amanhecer suave do sol despertando os mortais prontos para mais um dia de labuta.

Ela se percebeu deitada no chão tendo como apoio a madeira pronta para ser a arma contra o meliante que ousou se aproximar como pedinte. Ao abrir a porta por ser claro e não ter medo da luz percebeu que da mesma maneira que ela do lado de dentro alguém deitado se mantinha adormecido, pois não desistiria sem que fosse ao menos atendido. Em seu colo um bilhete que dizia:

- Como me pediste, vim te visitar. Se ainda me quiseres mesmo nesse estado deplorável estou pronto para te felicitar. Prazer, sou a tal Felicidade.

Andreia Cunha







Um comentário:

  1. Uns dizem que a felicidade é saber o que querer, eu vou além, acho que a felicidade consiste em nada querer.

    Desejos não relacionados ao sexo, em geral são apenas uma fonte de desilusão, por não serem o que esperávamos ou ainda pior, por não se realizarem.

    Parece uma atitude simplista, e é, afinal Ghandi ao ser preso sentiu falta de curry em seu arroz, assim sendo nunca mais comeu curry para evitar o sofrimento novamente.


    Acho que esta lição se aplica a quase todas as facetas da vida, ou seja: Evite cultivar desejos, realizados ou não, que o faça sofrer.

    Te amo muito.

    Obrigado por sempre me fazer refletir.

    Beijos, apenas os mais especiais, em você.

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