Há uma verdade em seu olhar que transcende o papel fotográfico. Sinto que me olhas através deles, como se soubesse que um dia eu apareceria e isso não em nada hoje seria novidade para ti. Um olhar na qual uma certa melancolia se alia a um conhecimento de vida além do próprio viver.
É instigante desafiador e meigo parece revelar certo pedido de socorro, abrigo e amor que a mim toca em intensidade na harmonia das quatro estações de Vivaldi. Entre os demais fotografados, você se destaca pela franqueza e direcionamento para a câmera como a este alguém que sou do lado de fora e me revela sem saber que isso um dia seria possível.
Sua fisionomia transpõe o tempo e adentra meus espaços interiores como se nele já houvesse um pedido há muito reservado para nossas almas. Para esse encontro, para esse abrigo, para esse aconchego. Vejo em ti um pouco desse mim que sou e ainda não o alcanço plenamente. Vejo em mim esse ti que se prefigura como caminho para juntos seguirmos mais adiante nessa jornada aparentemente insana de se seguir só.
Quais os caminhos que daqui por diante serão os nossos e se eles serão prolongados e igualmente unidos nessa jornada, não o sei creio que também não o saibas. Mas há em mim olhando para teu ti uma vontade de sentir essa união em conjunção astrológica e astronômica mais do que um simples encontro esporádico de astros e estrelas desse infinito universo. Deve haver uma explicação!
Portanto, deixo esta prosa tanto quanto os versos seguirem seu livre curso até que possamos chegar a uma conclusão. Se é que ela irá nos brindar com sua presença em imagem e nos deixar seguir viagem.
Andreia Cunha
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