Dizer que o amor é puramente um sentimento é mutilá-lo,
deixando-o apenas num plano que por si só não abarca a grandeza do conteúdo em
si.
É claro que primeiramente, ele se manifesta no plano dos
sentimentos, pois é através do sentir que percebemos algo diferente que nos faz
gostar mais desta ou daquela pessoa, incluindo afinidades, gestos, comunhão de
ideias, visões e etc.
Mas para que esse sentimento permaneça, algo maior se faz
necessário, visto que a medida em que o tempo passa estamos sempre sujeitos às
mudanças assim como o ser amado também.
Para isso, é importante o ajustar-se constantemente mantendo
a sintonia ativa e forte no alcance de objetivos mais do que um mero olhar um
para o outro como nos princípios da paixão. Afinal, esse olhar para o outro sem
por momentos desviar o foco, só trará cansaço, desgaste e desarmonia.
Não é ignorar o que chamamos de defeitos, mas, sobretudo é
um saber de suas existências e ainda assim valorizar mais o que há de bom no
outro sem que isso possa acabar com a ternura que existe entre ambos.
Diria que é um enxergar além do ver superficial. É adentrar
os caminhos que o outro tem em si e percorrê-lo sabendo das dificuldades, mas ainda
assim gostar de percorrê-lo por haver nisso um sentido maior que nos traz à tona
a vida, a nossa às vezes tão abdicada pela própria natureza humana em
considerar o viver um constante trabalhar, produzir e consumir insanamente.
Amar o amor é uma lição para o corpo e para a alma é um
dever evolutivo que pode muitas vezes nos trazer sofrimentos, mas na qual as
gratificações compensam todo e qualquer esforço.
Não julguem minhas palavras como cegueira, não coloco o alvo
dessa postagem como algo tão simplório assim. Esse enxergar nas profundezas
também supõe o entender-se, o compreender-se e aceitar-se. Supõe igualmente reflexão,
confiança e autoestima em equilíbrio para depois ser doado a outro.
Repensar o amor é amar a si primeiramente para depois
abrir-se para o mundo tal como as flores que não precisam ser roxas e nem
nascerem no coração dos trouxas.
Andreia Cunha
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