Falar do tempo vivido para aquele que vivenciou é algo muito forte podendo ser este algo muito bom ou muito ruim. As memórias antes quietas, como águas de lago, são remexidas e causam o agito.
Para quem ouve, apenas uma história a mais para satisfazer a curiosidade ou talvez nem com a devida atenção prestada, pois não é do interesse do ouvinte.
Enfim, o tempo vivido para quem o resgata tornando-o falado é muito mais intenso visto que representa todo um teatro mental na s quais as ações se repetem conforme a mente o reativa. O corpo reage aos mais sensíveis e é até mesmo possível voltar no tempo como se o fato estivesse realmente acontecendo no momento da fala.
O falar é poderoso no realimentar sentimentos. Eis um cuidado necessário para com tudo aquilo que queremos dizer. Por isso, o pensar como forma de refletir e agir.
Nesse ponto o passado aqui representado como tempo vivido é apenas aquilo que escolhemos guardar em nossas mentes. Sim, podemos selecionar até mesmo daquilo que nos foi mais traumático e conseqüentemente negativo... O que nos tornará mais felizes ou mais amargos depende dessa escolha e qual delas priorizamos como meio de vida.
Ressignificar o tempo vivido não é fácil exige o ócio que tanto desejamos, mas para o qual também não estamos preparados. Afinal, não nos ensinaram a lidar com o tempo livre – sempre nos é exigido produção, movimento como se a vida fosse só e somente verbos de ação.
Saber lidar com os tempos que nos compõe representa saber lidar conosco mesmos na medida em que temos de selecionar na feira quais frutas, verduras e legumes levaremos para nossa casa e dele nos alimentaremos como sustento desse corpo que nos mantém em pé.
Andreia Cunha
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