Um assovio no vento escuro. Isso bastou para a criatividade fluir em seu corpo deitado e voltado para a sombra da imaginação.
Uma sensação de noite ao ler essa frase se assomou de sua mente até seus pés, agora galgantes na terra úmida do local ainda desconhecido a qual estava.
Inocente dizer que sabia mediante o escuro que lhe colocava no meio daquele cenário. Bem que poderia ser de uma história de terror, mistério ou suspense, tudo dependia da mente e dos correres dos dedos segurantes da caneta veloz.
Ah! Os ciprestes ao vento... Um cemitério! Seria óbvio demais, embora pudesse até sentir o clima romântico da natureza fria e sombria ‘enrodando’ em si. Era em si que a noite existia. Fechava os olhos e ela anoitecia na imagem impregnada de sons...
Como pode o vento ser escuro? Como pode ter cor o que apenas perpassa o ambiente que lhe é caminho?
Nenhuma terra é mais fértil do que a que regamos com palavras sementes de árvores envolventes no plano do significado.
A garota ali estava, ali ficou como personagem estática perante o mundo interior que lhe pertencia. Um cheiro de musgo com ozônio enquanto o assovio de repente ressurgia como meio de lhe dizer que algo precisava acontecer.
Mas ela não se movia. Não o fazia por medo. Medo do vento, medo do escuro e sobretudo de quem produzia o som que ecoava pelos ares escuros. Era o ser que para dentro se escondia o que mais temia. Sentia-se menininha a mercê das vicissitudes de uma floresta viva e noturna.
O cheiro do vento lhe fala perigo e instigava cautela e o não se mover passava ar de segurança. Exposta era e também estava na mesma posição sem ao menos se esconder.
Um gosto de dor misturado a vontade sumiço a faziam presa fácil. Parecia hipnotizada pelo veneno que lhe adentrara as veias por meio do ouvido. Ante o som do assovio, nenhum tambor primitivo ou clássico violino poderia desfazer o efeito.
Estava nela a noite, o vento e os sons obscuros. Amanhecer dependia dela. Única e exclusivamente dela no seu ela que lhe anestesiava os sentidos por medo.
Ela? Assovio lento no vento escuro.
Andreia Cunha
Obrigada,pela oportunidade de tão boa leitura.
ResponderExcluirTexto essencialmente, bom!
grata pela apreciação
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