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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

OS SEM-gRAÇA





Preenchia um formulário. Quando se deparou com aquela pergunta a ser assinalada pelos quadradinhos abaixo, ficou sem noção do que responder. Cor da pele: cor da pele? Não havia uma alternativa que de fato lhe conviesse, lhe combinasse.

Faltava uma: multirracial ou multicolorido (que fosse, por ser ‘cor da pele’). O impasse permanecia, mas logo seria solucionado, visto que seu posicionamento perante o papel era muito mais consciente do quem o havia feito, naquele momento, tão distante e frio quanto o ar condicionado do ambiente em que se encontrava.

O questionamento que lhe rondava era por qual motivo tal resposta avaliaria suas aptidões para o trabalho a que se candidatava? Meras convenções que na base do inventivo mais adulavam o senso especulativo do que o que realmente importava: o curriculum.

Criou o quadradinho e o assinalou como se fosse uma das outras opções. Espera bom-senso dos julgadores. Mas que...

Passadas horas após o total preenchimento e a entrega à funcionária, nada de lhe darem uma resposta. Parecia inotável no ato de estar sentado lendo e à espera, apesar da estatura e do porte.

O mais estranho nessa história é que ela acaba sem um fim esclarecedor. Após um tempo e com tamanha impaciência apesar da educação externa foi ao balcão. Dirigiu-se à moça, esta era uma espécie de holograma, transparente ou algo parecido, quando tocada sua figura parecia sumir como se estivesse numa tela hipersensível ao toque.

Tudo ali era virtual, tudo ali era imagem, apenas imagem: aparências e mecânicas no dinamismo funcional.

Apenas ele e os móveis tinham real existência. Apenas ele.

andreiACunha








Um comentário:

  1. Conheço a sua mágica essência, as cores dos voos da sua mente, agora quero me fartar de cada centímetro do seu corpo delicioso, conhecer todos os sabores, me perder em você, me fundir em você.
    Beijos mordidos em cada pedacinho seu.
    Te amo!

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