A palavra primordial é aquela escrita em um livro a qual nós
devemos procurar. Ela está escrita no papel humano de nosso corpo: é em nossa
pele, em nossas linhas das mãos, em nossas células, rugas e cicatrizes que ela
se prefigura.
Somos o livro: pedra, fogo,terra, água, ar e tudo o que na
natureza há e nos forma. Somos a língua enquanto órgão que se reproduz em
falas, gestos e signos dispersos pelo mundo através da escrita em diáspora em
busca da terra prometida.
Peregrinamos em nossa busca letra a letra. É pelo desejo
desse reencontro que vivemos e lutamos. O Moisés, bíblico, a encontrou no monte
Sinai em pedras de lei. E nós que tentamos ser ‘O Sou o que Sou’ permanecemos
sem a resposta que nos completa em ponto de interrogações.
A eterna pontuação que nos percorre assim como a percorremos
pelos caminhos da vida vivida em plenitude somente no suspiro do ato de morrer.
É, pois assim que reconhecemos o valor do valer a vida.
O que fica nos compõe. O que se foi é como semente:
florescerá na pele do outro como marca em nova Palavra que se reproduzirá
enquanto ainda houver sopro.
andreiACunha
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