Não vou me camuflar perante o mundo por receios bestas.
Não serei o que querem que eu seja.
Sou o que sou:
Um universo delirante clamando por entendimento interior
independente das alheias opiniões que com dedos em riste possam enfim julgar
como deuses e donos da verdade.
A minha verdade não existe. Ainda a procuro sob os lençóis da vida e creio
que não a encontrarei enquanto aqui houver vida. O que vejo não me convence e
quando convence é porque me convenço de que o convencimento é a melhor solução
para não enlouquecer mais do que sou nesse mundo de insanos.
Uma eterna procurante de sonhos sem pretensões de com eles
formar pré-conceitos, apenas imagens de meu eu para meu mim, sem com isso querer
atrair alguém para minha rede de ideias como se fossem únicas ou melhores.
O ser é único justamente por ter a capacidade de formar sua
concepção de ideias e com elas seguir seus passos no mundo.
O seguir deve ser com clareza e pautado na experiência atrelada
ao pensamento como conceito de realidade e não porque alguém disse para ser
assim e acabado. Nada imposto por ordens verticais pode durar eternamente
quando o ser acorda para entender que possui pernas e com elas caminhar sem as
muletas antes tidas como auxílio ou apoio.
Em ‘A Paixão segundo G.H.’ Clarice usava o termo ‘terceira
perna’. É muito cômodo andar com esse recurso, mas nada mais libertador e
igualmente dolorido, prazeroso, aterrorizante e também gratificante do que se
sentir livre no se expor perante si e o mundo.
Nada nos prende a não ser nossa mente debilitada por
mesquinharias que como inseto na teia se debate sem resposta até a morte da
mente em vida.
Nada como o pasmo essencial do simples olhar sem ver e julgar,
do ouvir sem necessariamente escutar com as antenas do juízo a postos para agir
e do falar mais que o necessário sem a exata noção do que se diz.
Ah, viver é tão simples e ao mesmo tempo como dito por
Guimarães Rosa: negócio tão perigoso...
Andreia Cunha
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