Caríssimos, não escrevo para dizer verdades, meias verdades
ou até mesmo inverdades. Também não pretendo falar do que gosto ou do que a
maioria gosta ou desgosta só para agradar uns em detrimento de outros.
O convite foi o de pensar e quem sabe repensar o que se diz
antes do se falar; o pré dizer sem necessariamente julgar. O analisar que o que
se põe em palavras é um retrato verbal de quem se é no mundo. Doa a quem doer
seja qual for o papel do ser na enunciação.
Sendo minhas palavras mais uma espécie de desconvite ao
afago na cabeça das palavras e dos falantes e ouvintes, creio que os que se
dispuserem a ler estarão dispostos a adentrarem e quem sabe não mais saírem
desse universo múltiplo que é o falar moderno repleto de espelhos deformantes e
desfocados que se prefiguram nas bocas dos falantes atuais.
Estamos perdendo o senso de crítica em relação ao mundo que
nos cerca? O que mais nos causa ou descausa espanto? Estamos praticamente
aceitando como normal a corrupção, as mortes banais, os usos e abusos morais,
sociais,éticos,religiosos, etc colocando prefixos e perdendo o sentido dos
valores? São os imorais regados a regalias, os anti sociais defendidos por leis,
os anti éticos tidos como heróis...
Onde foram parar as rédeas do limite? Sob os coturnos do
medo embutidos em nossas almas? Primeiro que não deveríamos ter rédeas. Essa
foi uma figura em hipérbole para evidenciar o quanto a carruagem anda
desgovernada apesar dos limites em governos, normas, regras e medidas...
Finge-se que se resolve, fingi-se que se aceita e se aceita
por burrice a ‘anti-antice’ seria viável pelo viés da educação de qualidade e
não ‘o deixa como está’. O saber relegado a último plano e em última instância
aos períodos eleitorais – eleitoreiros,melhor dizendo, só reforça o nosso
comodismo, a nossa reles aceitação com as vilanias que acontecem debaixo acima
e ao redor de nossos narizes já incapazes de sentir o cheiro da podridão
enquanto os fornos assam mais e mais pizzas em qualquer instância de pequeno poder.
Nosso falar não mais condiz com o real pautado na luz do
pensamento refletido no ócio produtivo, talvez pelo excesso de virtual sem o
exercício do questionar o que se passa e nos perpassa pelos corpos anestesiados
do senso aguçado em todos os sentidos e direções.
A falta de tempo é mentira, estupidez e falácia dos que tentam
nos embutir que Deus ajuda quem cedo madruga e que ser feliz é tomar um ônibus
às 5 da manhã após uma noite mal dormida pelo dia anterior mal acabado quanto o
hoje em continuação.
Fato é que muitos lucram com essa anestesia-veneno letal que
continua vendendo seus tentáculos gosmentos agarrando-se ao poder seja de que
tipo for: mídia, endinheirados e governos.
Não dispensar tempo para a reflexão do que se fala é o mesmo
que aceitar a ração dada aos porcos como comida para se manter vivo para depois
ir para a panela fumegar os lombos para serem consumidos pelos poderosos
famintos por manter as brasas acesas.
Quem acordar verá...
Andreia Cunha