Essa história foi fundamentada na notícia do jornal
"A Tribuna" de Santos a respeito do descarte inconsequente de remédios vencidos jogados na privada e como isso tem afetado a vida marinha.
Eu sou um peixe. Arroto no mar o que do mar me dão. Soube através da imprensa marinha que nosso ambiente está cada vez mais poluído, porém o que enfim eu posso fazer...
O jornal noticiou que vocês, humanos, para não descartarem suas drogas no lixo, ou de um modo correto (que por sinal existe, embora vocês nem saibam) jogam essa porcalhada no vaso sanitário e que por fim tudo isso vem parar ou nos mares ou nos rios. Pois é, vivo num deles e apesar de já grogue venho fazer meu protesto.
Outro dia foi rivotril. No outro prozac e também imediatix. Não, não falo da poção mágica de Obelix, o gaulês. Vivo ou anestesiado ou doidão com tanta droga em profusão. Minha genética está totalmente alterada. Meus ciclos modificados.
Certo dia pensei que era passarinho. No outro, vi uma baleia e morri de tanto rir,pois pensei um elefante. Dessa raiva de cetáceo me livrei por pouco. O que vocês tanto querem? Se é minha carne, sinto muito, comerão de seu próprio veneno, pois na vida o ciclo retorna a seu criador.
O negócio é que já estou tão viciado que sinto falta desse troço. Como aqui não tem farmácia não sei mais o que fazer. Acho que em breve haverá tubarões-traficantes dessas substâncias inebriantes. Afinal, o negócio de lucros e rentabilidades existe por aqui há algum tempo.
Vocês humanos quando não fazem merda no sentido literal e enviam para cá como presente, fazem merda figurada deixando o aquático povo tão alucinado quanto vocês aí em cima.
Tá difícil viver nesse planeta, Hein... Já implorei a Netuno e Poseidon que me retirassem dessa tortura, mas nada adiantou. O que pode enfim um peixinho minúsculo e insignificante contra uma minoria abastada na dinheirama e a outra - maioria - sem educação?
Opa, lá vem outra leva dessas drogas. Vou me embrenhar nessa festa de salão em pleno oceano baladão.
To do jeito que o diabo gosta...To do jeito que o homem quer...
Andreia Cunha
Pobre peixinho,
ResponderExcluirNeste estado deplorável jamais encontrará o Nemo.
As vezes tento imaginar como os mares, os rios, a flora e fauna devia ser estupenda antes da chegada dos humanos, sem seu lixo, seus ruídos, suas substâncias, intocada, bela e plena.
Pobres todos os seres que não viveram neste período dourado.
Te amo.