Seus pensamentos eram firmes e fortes que mais pareciam concreto. Chegar às vias de fato era apenas uma questão de tempo. Tudo se resumia no agora – palavra-chave e mágica caso seja bem utilizada e colhida no momento certo.
O agora sendo fruto da agoreira não se importava com o fato de não mais estar atrelado a mãe pela raiz, pois possuía em si a semente capaz de produzir o que o ainda não climático insistia por vezes em adiar.
Entretanto, sábio como nenhum outro fruto abençoado pelo Pai-Criador, o agora sabia que o ainda não sempre vira para não mais na medida em que é consumido e degustado, desnudando sua semente: o vir a ser.
E quem se lambuzava desse agora colhido era o dono dos pensamentos – que como raízes se fincaram na terra preparada e, portanto, já apropriada para o plantio. Afinal, uma mente fértil nunca será estéril quando bem cuidada.
O agora é fruto nutritivo e o degustador ciente de suas propriedades pelos antepassados tinha a paciência de descascar o fruto para enfim saborear o que dele viria.
Cada agora é único no sabor. Uns mais doces, outros nem tanto. E nisso reside a esperteza e gentileza da exuberante natureza. Nada pode ser trivial no fruto da agoreira, por isso, cada agora consumido, sendo único, tem sabores distintos.
Não adianta não gostar. Isso não muda o sabor que cada um tem. O mais importante está no vir a ser e onde este será plantado.
Por isso, quando o degustador terminou com o último gomo daquele agora, catou o vir a ser e foi ao local delimitado para ser plantado. Sabiamente a natureza se encarrega da bonita e fabulosa metamorfose que será ver a semente crescer e se transformar novamente em árvore com outros agoras tão especiais quanto o que já tinha sido então consumido.
A beleza da árvore está na semente. O fruto é filho e também o pai das raízes que o formaram.
Após, comer e satisfeito, o degustador foi se deitar ao pé da árvore que lhe deu sábia lição e alimento.
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