Aparentemente, uma noite como outra qualquer para milhares dos habitantes do planeta que estão fora do mundinho a ser retratado nessas poucas linhas.
Apenas na aparência. Era Natal e como sempre (desde que foi instituída pela igreja) comemora-se na mesma data: o 25 de dezembro. Ali no campo, reunidos estavam inúmeros soldados com armas em punho e camuflagem prontos para o sinal de ataque que viria de um tiro a longa distância.
Entrincheirados, amedrontados, mas com a adrenalina a mil, tais figuras estavam prontas para matar ou morrer por uma causa que nem sabiam direito porque lutavam. Ideologias dos grandes dragões que dispunham dos pequenos galos para o combate derradeiro.
Do outro lado, o povo opositor comporia a dança que logo se iniciaria com o sinal aéreo. Um silêncio sepulcral como se adiante nada existisse e a sensação de que tudo ainda poderia terminar bem.
Reunidos a mesa, todos se sentariam e cantariam as músicas cada qual em sua língua e se confraternizariam pelo simples fato de relembrarem a vinda de um homem intitulado como o Salvador da humanidade.
Esse era um desejo de fuga... Puro escapismo das dores que poderiam vir e se adensavam com o passar lento dos segundos. Alguém haveria de se lembrar disso. Um coração pulsava nesse desejo de paz e confraternização. Uma voz suave começou a cantar e contagiou os demais e chegou aos ouvidos inimigos que ajoelhados se dispuseram a orar e cantar com alegria por existir um momento como aquele.
Por instantes e apesar das línguas diferentes, parecia uma só voz entoando um cântico de amor. Na última estrofe, soou uma bomba: o sinal para a vitória. Ainda indefinida para ambos os lados.
Enquanto isso, numa mesa quase vazia uma mãe clamava a seu deus um milagre com o retorno de seu filho que partira para a guerra.
Andreia Cunha
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