Gostamos de ser iludidos e nos deixamos ser oras conscientes oras inconscientes. Em vida, são nossos olhos os órgãos de maior probabilidade aos enganos. As ilusões de ótica são exemplos, por vezes, brincadeiras que nos evidenciam a verdade do nosso enxergar antes imperceptível. Tão matreiro que nos causam conclusões irreais pautadas em falsos movimentos, imagens que se desfiguram e se metamorfoseiam em outras sem percebermos a mágica da mudança e de olhos abertos.
Mas não falo só do que vemos, os olhos são portas de entrada para a alma, portanto sujeitos, maiormente a bombardeios de subliminaridades. A morte também é uma ilusão tanto para quem morre quanto para nós, que continuamos a jornada até o fim idêntico ao do passante que jaz num caixão.
Incrível pensar dessa forma, alguém pode interpelar. Aquele que morreu, morreu, tanto é que não se mexe, não há o sopro que antes o animava. Justamente por isso existem as distorções do que o ser praticou e do que fica na mente coletiva. As ilusões permeiam o cérebro humano a todo o momento.
A morte redime os pecados dos transgressores, se ricos e políticos transformam-se em santos sempre praticantes do bem por mais que o passado histórico demonstre o contrário. O mal fica apagado pela piedade da angústia que causa a finitude corpórea e hipocritamente pelos bens que antes o ente possuiu.
Até mesmo nos períodos antigos retratados pela bíblia vemos tal comportamento. Os sacrifícios de animais que vertendo sangue inocente serviam para apagar os pecados dos homens que se julgavam libertos com tal ato.
Sinceramente, se fosse comigo eu me sentiria mais e mais culpada por meus atos caso tivesse que sacrificar outro ser (considerado inferior por ser animal) para a suposta redenção dos meus erros cometidos. Mas o pior em minha opinião é saber que dependendo da situação financeira do pecador o animal poderia ser maior e mais caro. O perdão para um pecado maior era um animal igualmente maior e mais caro com pagas ao sacerdote que praticou e participou do ritual.
Tentar libertar-se dos atos errôneos continua sendo atitude praticada pelo homem culpando sempre o sobrenatural, a morte, a vida, o próximo, o destino...
Raramente estes percebem que a maior lei divina é o retorno, independendo de ilusões em sacrifícios, montanhas de dinheiro ou de nossos sentidos falhos e, conseqüentemente injustos, mesmo que se queira praticar a justiça.
Continuamos a saga de nos iludirmos e nos deixarmos iludir como meio de sobrevivência até que a morte nos separe dessa condição carnal e ilusória.
E então como termina essa postagem? Digo: não termina há assuntos que não pedem um fim em círculo. São eternas espirais que se encaminham para o infinito de argumentos. São partituras inacabadas que quando chegam ao suposto fim precisam ser retocadas para serem sempre revistas, revisadas e aprimoradas. Serão os eternos calcanhares de Aquiles intocados pelas águas puras que nos transformariam plenamente em deuses ou semideuses livres da mortalidade predestinada aos homens enquanto criaturas criadas por um ser superior.