Não havia ainda termos para identificarem aquela nova área que
surgia como um monstro recém-saído do esgoto a qual muitos desejariam nem ver
na cidade.
Enfim, mas ela existia a seu modo por resistência da
ganância de uns em detrimento da miséria de outros juntamente com os tais
classe média – média amanhecida
Pois bem, era na sub-periferia que agora os excluídos
sociais sobreviviam à higienização governamental do que deveria realmente ser
apresentado para o mundo.
Afinal, a escória deve ser sempre varrida para
debaixo do tapete. Em último, mas bem por último caso pensa-se o que fazer com
esses seres reles e insignificantes em momentos em que podem ser protagonizados como artistas por um dia.
Bem diferente do outro lado da urbe que nesse exato momento se
vangloria das benfeitorias da sub-prefeitura e das demais esferas
governamentais que a dignificam como sendo a perfeita imagem da proeza política
bem planejada.
Constam áreas de lazer, jardins de flores estrangeiras,
pracinhas de leitura enquanto no primeiro lado supra-supra-citado um imenso
manto é lançado pelos aviões para recepcionar a ilustre visita que pelo pouco
tempo não terá mais do que meia hora para conhecer o espaço.
Como não havia mesmo um nome para denominar a criatura que
tentava mostrar as garras fétidas, a ideia mais genial foi a do manto verde
indicando que ali havia uma bela e generosa montanha ecológica cenográfica
prestes a virar condomínio de luxo pela paisagem que lá do alto se podia ver.
Pronto a sub-periferia como depois foi intitulada estava afinal em seu lugar:
escondida, encoberta, sufocada, pobrezinha e enjeitada no seu canto disfarçada.
andreiACunha
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