“— Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão
de duas formas, pode determinar a supressão de uma é a condição da
sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e
comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de
batatas e duas tribos famintas. As batatas chegam apenas para alimentar uma das
tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e irá à outra
vertente, onde há batatas em abundância; mas se as duas tribos dividirem em paz
as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de
inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das
tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os
hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações
bélicas. Se a guerra fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se pelo
motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou
vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que
virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as
batatas.”
IN QUINCAS BORBA – MACHADO DE ASSIS
AMIGOS VENCEDORES E/OU VENCIDOS:
CONTENTEM-SE COM AS BATATAS,
CASO CONTRÁRIO O QUE TERÃO MESMO SÃO AS BARATAS...
ANDREIA CUNHA
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