Me deparei com uma verdade que por medo deixei escapar da
memória como um ratinho assustado e
arredio O motivo que agora sobrevém a mente é justamente o de manter essa ingenuidade
que teimo em não perder tal como um abraço que te abriga da escuridão, da
solidão quando se é criança e não se sabe o que fazer perante a dor ou a perda.
Acho que nascemos quentes, amornamos com o distanciamento do
útero que antes nos abrigou e, aos poucos e com a vida, vamos esfriando a tempo
de entender que caminhar é no só, que a trilha é individual, que não é no colo
nem no abraço do outro que é possível se proteger da realidade ilusória que nos
cobre e também nos descobre.
Percebi o quanto ainda sou uma criança me debatendo nos
pesadelos que me assombram na minha escuridão de paúra infantil que necessita
de consolo. Não, não mais necessito desse abrigo, pois é nesse escuro que me
abraça que está a resposta desse ser que insiste em esquecer a verdade que
antes foi motivo de assombro. Assombro da sombra perdida na ausência de luz que
a reduz a insignificância de inexistência sem seu oposto tanto inimigo quanto
amigo primordial para sua existência.
Antes, eu era ao menos a sombra, mas agora embrenhada na
profundeza-escuridão sou apenas um nome sem sentido nesse universo decaído que
me remonta para um novo começo. Não mais pensante ser luz, não mais conhecedora
de sua sombra e ausente da palavra que antes me denominava.
Eis a amorfinitude amorfinidade amorfa da forma do amor que
me sou amando como nunca antes me amei. Não mais o sonho, não mais o pesadelo
apenas a casca descascada da laranja nua em gomos líquidos pronto para o sumo
metamorfoseado em suco para alívio do próximo sedento. Relento alento de um gole
lento.
andreiACunha
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