Um estranho intruso subia as escadas sorrateiramente. Em
meio a ruídos e pelas sombras dos degraus, o ser se deslocava do sétimo para o
oitavo andar, não sem antes ter sido visto pelos moradores lá no décimo segundo
descendo para o antecessor horas atrás.
Um circo armado e as portas antes abertas se punham fechadas
e temerosas pelo ente abominável que se colocava como novo morador do
condomínio. Por ser novo e estrangeiro o passear pelos andares demonstrava certa
inabilidade em encontrar qual das portas todas idênticas correspondia a sua.
Os moradores não estavam gostando daquilo e impacientes já havia
interfonado para a portaria e para o apartamento do síndico que se pelas
alturas das horas se reusava a atender. O furdunço era tão quieto e calado
quanto à presença do dito ser. Ninguém ousava abrir a porta e interpelá-lo em
questões ou atitudes mais austeras.
O medo era maior de que por descuido dessem brechas a um
ladrão trazendo seus comparsas. Geralmente, onde há um, há outros e não poucos.
O medo também incluía ter seus pertences levados aos poucos em roídas
soturnas...
O que mais estranha nessa história tão real quanto a atual
estabilidade econômica mundial é o fato de que o condomínio tinha como
moradores os ratazanas e o intruso se tratava de um homem invadindo o terreno
estipulado pelos excelentíssimos condôminos.
Em terra de ratos, homens não têm vez. Uma armadilha com
veneno seria armada para pegar o danado do invasor que entre sombras se punha a
subir e descer as escadas de quem provavelmente queria sossego para trabalhar
no dia seguinte.
Esse era o disparate e também o despautério.
ANDREIA CUNHA
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