Particularmente, e começo esse texto assim de cara
evidenciando meu posicionamento, sou meio ressabiada com movimentos que
carregam o sufixo ismo como pernas. E mais ainda dos istas que vão atrás da
corrente ou movimento que carregam o tal como meio de existência no
mundo das ideias ou correntes.
Vamos a exemplos para esclarecer o que parece obscuro na
minha exposição. O Realismo enquanto escola literária em livros é visto com
início na segunda metade do século XIX em oposição ao Romantismo, primeira
metade.
Para os estudantes avessos a profundidades de estudos,
parece algo mecânico e limitado como se ao adentrar realmente a segunda metade
do século obrigatoriamente o Romantismo acabasse ou o Realismo por ignorância
apenas surgisse naquela data decretando
o fim da vertente anterior de pensamento e meio de sentir o mundo da época.
Os dois – tanto Realistas quanto Românticos - conviveram por
muito tempo ali páreo a páreo até a sobreposição de um pelo outro por algum
fato marcante, tal como os dias atuais. Outro exemplo significante está na
diferenciação dos gêneros, conhecida também como guerra dos sexos; o machismo e
o feminismo.
Não se pode negar que ambas até hoje existem e cada um teve
sua força de sustentação temporal de acordo com o contexto sócio-histórico. No
entanto, nesse quesito o que vemos na atualidade são seres fragmentados e
decompostos por lutas que tentaram por meio da força: seja a unhas e dentes
manter direitos e igualdades sem necessariamente ressignificar o papel de cada
gênero numa relação seja qual nível fosse.
Vemos hoje, homens que não sabem lidar com esse novo ser que
é a mulher e vice-versa. Ambos enclausurados nas teias dos radicalismos
plantados em movimentos de ismos liderados por istas que não colaboraram
horizontalmente para o conhecimento dos diversos papéis de cada um como um
todo.
O que resta é a solidão ou ainda pior, a distorção do outro
como objeto a ser usado e lançado fora, a genitalização das relações sem a
oportunidade do conhecer-se a si e ao outro como integrantes, participativos independentes porém
complementares na formação dos diversos tipos de relação.
A amizade é deturpada, o interesse afetivo, o lidar com
essas relações no dia-a-dia tudo entre mares perdidos à deriva ou a deus
dará... Há resolução para esse impasse? Para tudo há, assim creio, mas a meu
ver está voltada para o conhecimento de si e o aprimoramento constante das
informações obtidas sem necessariamente radicalismo, que mais trazem dor e
sofrimento para todas as partes envolvidas no processo.
Só haverá paz significativa nesses reinos quando enfim
houver respeito e consenso feitos a partir do ressignificar conhecimentos e
partilha consciente desses conceitos, bem como referente aos que por razões escolhem caminhos diferentes.
ANDREIA CUNHA
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