O perfume era ela. Mal sabia que o que procurava estava
entranhado em sua pele exalando para o mundo a todo o momento.
Era sua pele e não o conteúdo do frasco que a faziam
espalhar o suave cheiro de seu corpo para o mundo. Mesmo que não quisesse
estava impregnado como benção e também maldição ali naquele tempo e espaço que era a
sua existência material pairando sobre o mundo.
Era o corpo, a aura expandida e seu mental que tornavam o
milagre acontecer de tempos em tempos. Olhavam-na como ser de outro mundo. No
entanto, seu mundo era único embora universal para quem o buscasse. Sua
peculiaridade assustava, mas precisava dela para sua evolução.
Nada químico ou mistura poderiam imitar aquela fragrância. A particularidade provinha da experiência
vivida no sensorial e no extrassensorial. Como explicar o óbvio para pessoas que veem,
mas estão cegas, ouvem, mas não escutam, sentem, mas estão anestesiadas de
todos os sentidos desconhecendo o potencial ilusório e igualmente verdadeiro
dessas armas e virtudes?
Pairava no ilusório do ilusionismo para os que tentavam
buscar a cura para a mágica magia da vida. Faltava entender que a mágica era
encontrada como tesouro de sentimentos em potes esvaziados, experimentados como
condimento do prato final a ser servido. É no final que tudo se concretiza e
realiza sentidos: insignificâncias e insignificados.
É na morte que a vida ganha novos ares. E cada mudança, uma
morte e vice-versa. Não se morre, apenas se transforma em outra forma que se desenforma
na suposta informação da verdade recoberta pelos véus das inúmeras dançarinas
que nos conduzem para frente.
A frente é o que se determina no olhar com o corpo empostado
numa direção. Cada qual com sua frente. Enquanto o perfume da alma for cuidado
não há riscos dos frascos caírem na lama.
Era esse o segredo dela. O perfume era do impulso do pulso
das veias e artérias.
andreiACunha
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