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terça-feira, 6 de agosto de 2013

MAR ASMOS



Faltava água para o corpo. Poesia para os sentidos. Um fio fino de linha cortada era o caminho que percorria na volta. o mesmo que foi delineado no céu por um aviador distante que com fumaça riscava seu caminho e o dela em pensamento. tão distante de quem ali o desenhava. Uma estrela próxima anunciava o princípio da noite.

Existe vida no belo. A beleza também produz seus frutos. Antes via na dor e nos fragmentos seu único alento. Despiu-se das armas, as armaduras e evidenciou a alma mole que tanto quando criança possuía ao observar a novidade do mundo. Sentia-se noiva da natureza pronta para aliançar seu vínculo com o novo ciclo que dali saía.

Sentia-se vida não pelo fato simples de viver, mas vivia pelos sentidos que antes anestesiados voltavam à plenitude de seu corpo esbaldado da água marinha que acabara de observar. Era como ondas e seus olhos viam e enxergavam além dos roncos dos motores de bombas d’água.

Vivia porque o mar era amar no amarelo do sol se pondo, era amar do mar no transformar de ânimos, era amar no mar sublime do espraiar nas maravilhas do ser diluído em novo lugar. O interno se alargou. O medo da alma era fora da armadura, dura arma, com a qual lutava e construía seu suposto mundo. Via, ria por dentro, sentia a brisa e o mar lavando suas velhas filosofias. Trazendo-lhes novas vias.

Consumia seus antigos sentidos pesados diluídos no sal e os via brilhar como cristal no reflexo do sol no mar do amor que fora buscar quando enfim saiu de si, do seu casulo para o mundo que não sabia mais se pertencer. O fora mostrava o de dentro deixava exposto seu anseio, sua insegurança embora se sentisse aliviada por ver que o desconhecido era apenas a pegada que via delimitada no chão e não correspondia a seu pé molhado antes percorrido no caminho de retorno.

No entorno o novo lhe dizia: corre chega logo e escreve o que te dito. Vai não perca esse tesouro. Ele é por demais precioso. São palavras querendo voar como o avião, se equilibrar no fio deixado de pipa de algum moleque, percorrer as pegadas do alguém que as deixou pra trás. É o céu anoitecendo na estrela e lua brilhante e crescente.

Tudo do novo belo lhe trazia sentidos sentimentos antes não vividos, antes não amados. Desconhecido. Agora marasmado.


andreiACunha





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