Em total ato de insubordinação comandada por sua corte, o
bobo virou rei e o rei, bobo da corte.
Os súditos, em ato de reverência, rebaixam-se e arreganham
suas nádegas em cofrinhos para a saudação do novo comandante assentado no trono
que outrora desejava apenas em sonho tido como pesadelo inatingível.
Enquanto isso, o antigo rei tentava inutilmente fazer rir
quem antes o fazia por mal paga profissão.
Ridicularizado,triste humilhado e sem motivo para arrelias,
estava o rei travestido de seu mais íntimo e temeroso despudor. Sua vergonha
era o riso da plateia assistente em meio a ele assistido pelo público antes de
si devoto.
O povo acatava suas ordens como se fossem as mais sérias,
embora estridentes de arrogância e fantasia dignas e próprias de um bobo que
recém assume o poder.
Ah, o poder tem cheiro de alegria, sonho, fruto proibido e
imaginação como recheio de um pão. O pão poder pode sempre crescer nos fornos
do palácio. Nada sola, nada encolhe. Tudo cresce e aparece.
Súditos sub-dizem as palavras agora reais do bobo-rei. Mal
sabem todos os personagens que a historinha é comandada por um Rei-mor e não
pensem ser o narrador, pois é do autor que agora escreve que está a ideia
talvez original de fazer as coisas tomarem novos sentidos dessentidos antes
tidos como intocáveis e leais.
Na verdade, na verossimilhança nada não exista que não possa
ser mudado, nada é emudecido. Mudo não se fica porque mudo não se está. A
mudança é estado permanente e permanente sempre será.
andreiACunha
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