Endianheceu. Após longo período
sentiu-se clareando para a vida. Percebeu que algo em si precisava de nova
muda. A muda das mudanças. A voz antes presa precisava agarrar a vez que em rio
passava em oportunidade. E desta não perderia. Poderia ser bem a última.
Outrora, ficaria entre olhares
notívagos de coruja ou jacaré entre longos descansos de alimentação
regurgitando a vida, ruminando pensamentos paralíticos. Ação mesmo sem luzes e
câmeras era sua reação para o mundo que de si brotava.
O musguinho tomou forma
enverdeceu-se e encheu-se de vida para realizar a fotossíntese e quebrar as
regras no sair andando. Sim, seria planta viva e ambulante, mostraria seu
enverdejar primaveril à espera do verão, embora sua idade estivesse mais para o
outono.
Isso, na verdade, pouco importava. Era o dentro que sentia e isso lhe
bastava como meio de sentir as sensações e viver os sentimentos.
A amarelice empalidecida e
empoeirada entre nuvens de fumaça dos veículos da estrada sempre ativos e
velozes não mais a deixariam semimorta a espera da vida que ansiava em espera
inútil de início não findo.
Era nesse sentido que galgava os
primeiros passos. As passadas trôpegas envoltas no passado mental que embaúzava
deveria ser trocado de tempos em tempos e isso não fazia há tempos.
Tudo lhe era recomeço revida
vivida advinda do primeiro musgo que seguiu brotando no de dentro de si.
As portas
de si eram tocas desfechaduras semiabertas para o mundo que como leito rio
deixaria se fluir como aquário quebrado só que dentro do oceano.
As antes redomas teriam um espaço
maior, pois sabia que liberdade tinha limites embora essa palavra não combinasse
com a primeira. Os pesados pesadelos teriam outros meios de ser sonhos ao
desencapusarem-se dos medos. Tudo depende do ângulo e sua abertura era para
180.
Ansiava chegar às formas
espiraladas em direção a eternidade fibonaccica para cumprir a noção de que
cada um é um universo repleto de tantos multiversos. Percebera o quanto de seus
momentos de avesso eram significativos para esse ressurgir de alma viva.
O tudo que lhe prendia não
deixava de existir e não eram imensos, pois foi ela que cresceu. Seus olhos
acompanharam enfim o corpo e não mais viam no que antes era sua altura de
menina. Deixara a mão que lhe apoiava e isso era o tanto de vida precisada.
Os múltiplos versos de si eram
poesia abstrata na concretude de sua existência líquida e aérea. Enfim,unia-se
ao mundo pelas várias portas entre frentes, lateriais e fundos... tomaria os espaços que lhe pertenciam, pois crescia como massa que descansa no fermento e ainda assim age no senso da
evolutivo da criação.
Deglutira-se provara-se e sabia que
cada dia era um gosto novo. Ansiava mesmo era a dúvida das incertezas plenas de
corpos semivazios e semicheios de não saber como explicar mas ainda assim tentar
na tentação de que cada ato merece um desato de nós e a voz lhe era sua vez.
E era isso o que o ela de fora
esperava.
Após um leve tapa. Floriu o rio
em riso dos olhos entre o plasma impregnado no corpo frágil que renascia. Chorar
foi seu primeiro ato no fora, de fora.
andreiACunha