Enxugava aquela louça com razoável boa vontade, embora
estivesse mais entretida com as últimas leituras científicas e estas não lhe eram
fáceis.
De repente um estalo. Enxugar é esse o problema a ser
resolvido. O que seria o teletransporte? Era a pergunta do momento embrenhada
nas leituras que fazia sobre física quântica.
Estamos conectados ao tempo e ao espaço. Em nós essas dimensões
agem causando a locomoção e o envelhecimento. Isso obviamente num modo linear
de se enxergar a vida. E se a linearidade fosse apenas uma ilusão, uma falsa
sensação que faz com que realmente as coisas aconteçam assim?
Temia estar perante uma nova luz e ao mesmo tempo uma
incógnita surreal. Tempo e espaço agem sobre nós e nós sobre eles. Estou aqui e
agora enxugando a louça, mas a mente é volátil. E existe provavelmente um corpo
mental que nos molda enquanto seres viventes nesse planeta.
A lógica seria aprofundar na mente, conhecê-la mais a fundo
enfronhar-se em seus abismos e altitudes para conseguir o feito da
teletransportação. E os abismos e altitudes nada mais seriam que as dimensões
tempo-espaço. Deveria haver um modo de enxugá-los nem que momentaneamente de
nossas vísceras para que assim pudéssemos nos libertar dessa casca densa e
pesada que nos conforma ao chão, à gravidade e as outras leis que nos enganam
com suas sensações aliadas aos nossos
sentidos sempre fáceis de serem enganados.
Uma breve alegria a tomava por supor que enxergava fora dos
padrões normais. Ela agora é q estava iludindo sua visão e talvez a estivesse
colocando em seu respectivo lugar enquanto as cortinas se abriam para uma outra
verdade nua e crua.
Claro que para atingir tal nível de uso mental o homem
deveria abdicar de suas mesquinharias mundanas e ilusões perniciosas que mais
acomodam e anestesiam para os reais sentidos da vida e além dela em carne e
osso.
Não seria fácil defender uma tese dessas e nem ao menos
pensava em como começar a partir para experimentos que comprovassem sua ideia.
Mas só por tê-la ali no ato de enxugar já lhe trazia alívio.
Tudo era linguagem em verbos que construíam seres, imagens
ideias para depois serem objetos reais comprováveis ou não pela lógica dos
experimentos adotando-os ou repudiando-os como verdades verdadeiras ou falácias.
Sua mente louca dava um giro insano pelos conhecimentos que
até então imaginava carregar.
Enxugava-se tanto quanto a louça, esquecia-se do tempo e do
lugar em que estava e se teletransportava em mente à ciência que criava e a
revolução a que colocaria como pólvora no mundo caso de fato isso tudo pudesse
ser comprovado.
Pairava na curiosidade quando parou para escrever toda sua novidade. A louça? Com o tempo, enxugou-se.
andreiACunha
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