Antes era o será. Uma imensa dúvida pairava sobre o menino
que como promessa deveria ser ou um retrato fiel do pai ou como os sonhos da
mãe muito antes mesmo dela saber se até se casaria e também o teria.
Era por esse motivo que o será mais do que um verbo era, sobretudo
um peso perante as expectativas que ele menino-bebê nem mesmo sabia. Ainda
tinha um aninho e seus modos e jeito eram já analisados com o devaneio dos
pais.
-Tem jeito para...
-Não, não, será...
Nessas, o menino, ainda todo poesia vislumbrava o mundo,
sentia-o pela primeira vez, tanto quanto os demais sentidos sendo despertos.
Não ousaria pensar ter para si, ainda tão pequeno, dois destinos arranjados:
teatralizados como seus em mente alheia.
No entanto, o nada nada pelos mares do ordinário. O menino
crescia. Sua vontade brotava e ele já sentia certas distinções no ar. Queria
ser ele, o ele dele mesmo assim com seu jeito mesmo que torto aos olhos dos
pais.
Seria um encantador de palavras, um namorado ardente, um
menino brincalhão, um participante fiel do mais intrigante jogo de tabuleiro,
um mágico astuto em busca persistente de novos truques, tanto ausente quanto
presente entre o mundo real e o da imaginação.
Sonhava no metamorfosear as palavras sendo muitos e também
um, oras animal, oras mineral... Queria migrar entre os fundos e os acimas de
todos os reinos. Queria ser fogo, terra, água e ar.
Era difícil concretizar. O concreto endurece, enrijece,
petrifica. Então para não se anular, resolveu abstralizar, abstratando os pais
com o seu novo e belo modo de ser.
Um dia, ganhou mundo, ganhou asas foi ser tigre nas nuvens e
todos os demais sonhos que possuía na alma. A mesma que enfim, o encantou na
palavra decantar.
andreiACunha
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