Embrenhava-se na mata. Era nela, com seu noturno coração desconhecido
e pulsante, que ele se entregava aos delírios e devaneios da arte maior das
metamorfoses, a alquimia, a seu favor.
Sonhava, antes de mais nada, um ente feminino. Uma maga
magia que o transportasse a outros universos e aquietasse a essência de seus
hormônios agora mais do que antes em tremenda ebulição.
Era com fogo que manipulava seus mais íntimos desejos e era
também com ele que esperava alcançar a resposta a qual tanto ansiava, mas ainda
não possuía.
Perante os aparatos astuciosamente escondidos, encerrava os
ingredientes roubados dos mestres a espera do milagre que para ele já era mui
tardio.
Sabia por observação que a arte sempre imita a natureza e que
por intermédio dessa sua verdade seu corpo se abriria em chama viva para que no
obscuro o novo enfim pudesse nascer. Aquela noite parecia propícia para a plena
abertura. Uma confiança o tomava.
Em uma retorta de formato sexual, os elementos se uniam
fortemente a ponto de se tornarem uma só e tanta desconhecida massa.
O milagre então nascia como antes fora vislumbrado.
Sussurrando, ele enfim agradecia:
Ao encontrares a arte de dominar o fixo
e fazê-lo voar em meio aos líquidos
Unindo-se ao sol e com ele se casar
Tereis o sexo perfeito
A conjunção dos astros
num eclipse total. Pleno
Em vaporosa nuvem branca, ela surgia poderosa e altiva e
ele, criador, todo menino derretido não mais sabia como agir.
Ela o tocava suavemente. A Virgem do Fogo, vestida de
branco, em carícias veementes, enquanto ele, carente, todo envolvido no
envolvente, deixa-se evaporar no todo desejo daquele calor.
Por fim, ambos eram só vapor.
andreiACunha
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