Meu nome? Por que deveria me apresentar a você leitor antes
de expor o que pretendo expor? Isso lhe daria mais segurança no que tenho a
dizer por escrito? Traria maior
confiança e te causaria melhor impressão? Mas quem disse que quero isso. Enquanto
narrador sou apenas isso: narrador. Se existo fora dessa condição de papel em
ícones ou símbolos não te fará melhor leitor ou entendedor da minha precária
existência.
Pense numa novela: o personagem que narra pode ou não ter
tido sua existência no plano material, este mesmo a qual tu vives e se
vangloria de ser o que é: real, e nem por isso deixas de comentar sobre mim em
tua vida cotidiana como se eu fosse alguém íntimo teu.
Por isso e, portanto, é que não vou me apresentar de maneira
convencional, aliás nem vou me dar ao luxo de nomear-me deixando a cabo de sua
inteligência e vontade a condição de continuar ou não a me ler. A minha face é
igual a tantas outras que vês em multidão, estou presente em todas elas. Umas
mais bonitas outras nem tanto ou até assustadoras pelo descaso no geral.
Mas o que importa nessa escrita embolada de narrador
revoltado é que cansei da condição pacata e indecisa de ser perante meu mundo.
Quero a ousadia de me expor ou do não me expor além do desejo de quem escreve
ou digita em ritmo alucinado me tomando como fonte de inspiração para uma nova
história, seja para fazer fortuna comigo ou simplesmente engavetar-me para vir
ao mundo no seu depois como se o escritor pudesse ter controle do tempo.
Somos todos muito pretensiosos eu como narrador tu como
leitor em tentar me compreender e ser meu psicólogo quanto também do escritor
em querer dar vida como o Criador do Universo. Sou igualmente infinito nas
possibilidades do existir. Continuarei sendo criado e recriado elevando ou
reduzindo valores e sentimentos, sendo punido ou recompensado pelas atitudes a
mim estipuladas.
Por momentos nem quero agir, quero meu canto de quem tem pânico
de ter de ir ao palco num mundo louco recriado em espelhos como verdades. Sim, eu
tenho noção da minha inexistência enquanto vocês; leitor e escritor se acobertam
na capa da verdade do plenamente real em existir.
Se cheguei de fato a ter noção é porque em algum momento eu
pensei por mim mesmo. Tu conseguiste dar forma ao robô que eras em tuas mãos.
Cuidado, os robôs podem vir a ser a arma que te destruirá. Apenas um recado
visto que cheguei de fato a pensar por mim.
Não importa a mim minha sanidade. Não me pertenço mesmo,
porque deveria me preocupar com isso? Isso é o que menos me interessa num grau de
preocupações.
Ah, já sei as linhas estão terminando, as páginas, indo e tu
queres me calar nessa insignificância de papel e palavras. Tudo bem!
Continuarei em teu ser inquieto e nos de tantos que ainda acreditam na minha
realidade seja num livro, num filme, numa novela, numa imagem pausada de DVD,
num desenho infantil, nas críticas do grilo falante do Pinóquio ou no vácuo que
tentas decifrar por meio das ciências.
Eis o meu nome: Eu sou simplesmente Sou.
4n5r314 Cun84
DOIDÃO, O CARA!!!
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