Cansada de tantas abordagens, ela resolveu fazer um favor
para si e para os eventuais ladrões que pudessem por fim achar que ao
adentrarem seu reservado espaço sairiam no lucro: colocou um imenso recado em
pichação nos muros que deveria proteger a casa.
“Caríssimo ladrão, nesta casa não
há mais nada para roubar. Já levaram tudo! Parabéns pela eficiência”.
Dessa forma considerava-se protegida e alertaria os bandidos
de olho gordo que sua casa aparentemente luxuosa estava agora apenas na carcaça,
visto que os eletrodomésticos e os eletrônicos de valor não foram repostos como
anteriormente ela fazia.
O melhor mesmo era não ter do que pensar ter e já mais o ter
pela cobiça de meliantes audazes nas técnicas do se infiltrar em casas alheias.
O recado era um meio de resgatar a paz sob os muros reforçados e as tantas e
inúmeras grades que a deixavam encarcerada em seu lar, agora composto apenas de
paredes e cabides em pregos pela falta até de um guarda roupa.
Afinal o bem mais precioso ela ainda o tinha e era isso o
que com zelo ela deveria preservar: a vida. O demais era apenas de mais para se
carregar ou se guardar. Era a profunda lição do desapego que ela aprendia e
também ensinava aos supostos bandidos que por ousadia tentassem conferir.
Andreia Cunha
Nenhum comentário:
Postar um comentário