Pensar com o coração pode ser muitas vezes tomado como um processo de traição. Emoções, para a maioria, encobrem as verdades com as quais achamos ter de lidar pela via afora. Quão pretensiosos somos em achar que a verdade nos pertence da mesma forma em achar que algo nessa vida pode nos pertence eternamente.
Tudo aqui é ilusório e inconstante: estamos aqui, mas na essência não somos daqui. Isto é somente uma passagem na qual o que podemos deixar de melhor são os valores e virtudes: abstrações que pelo menos não estamos acostumados a tomar como bens além dos materiais.
Muitos acham que pensar com a emoção é se trair e se deixar trair pelo outro, entretanto não vivemos sem um afago ou um tanto de carinho expressos pela emoção. Ser somente racional é outra tamanha besteira que como capa nos deixamos envolver para evitar as dores que julgamos evitar ao longo da vida.
Nesse sentido, então, o que é viver? Um eterno evitar? Um desviar de caminhos para não sofrer ou não sentir? Anestesias somente paralisam os sentidos, nos engessam a alma. Penso que muitos estão nas clínicas traumatológicas espirituais por evitarem a vida a qualquer preço e custo.
Lidar com o fracasso é tão essencial quanto o primeiro choro do bebê ao sair da barriga da mãe. É dar-se a oportunidade de experienciar, aprender e apreender o que é melhor para si e que não é o mesmo para o outro.
Nossa cegueira ou miopia em alto grau, por vezes, nos impede de perceber que nossos sentidos não são plenos: vemos o que queremos, tateamos e sentimos conforme julgamos, os gostos são diferentes de pessoa para pessoa e ainda assim há os que querem impor padrões normas e regras como os ideais e/ou verdadeiros em absoluto.
Saber lidar com o lado emocional é abrir novas brechas e caminhos para o crescimento além do corpo, é deixar de rastejar como baratas nesse mundo mais afeito a elas e sentir a humanidade que existe em cada um de nós. É tirar os gessos da alma e passar a dar os primeiros passos com as próprias pernas sem as muletas ou outros recursos para nos manter em pé.
É igualmente dar brecha para a flor nascer na lama e da lama mostrar a beleza que pode existir no meio do pântano.
Andreia Cunha
Querida Andréia,
ResponderExcluiro seu texto como sempre é excelente, transmite com perfeição uma lógica impossível de ser contradita.
Não acredito que exista alguém que na verdade não faça uso de emoção alguma,para permear as suas decisões e atos, a meu ver o que ocorre é que a maioris faz uso de péssimas emoções para chegar as suas conclusões.
Estou feliz pela Hadji estar sem nenhum diagnóstico controverso, espero que seja apenas uma indisposição passageira e que muito em breve volte ao seu normal.
Beijo com carinho!